Depois de ter dado algumas voltas à cabeça e não emergindo acontecimento algum que me atraísse o suficiente para aqui o expor, lembrei-me de um acto simples, mas tão importante: a compra e a leitura de um livro.
Vasculhadas as prateleiras da livraria, escolhido o livro, os passos guiam-me até à caixa, onde pago, e logo depois, guiam-me até casa, onde irei, enfim, descobrir o tesouro.
Á medida que folheamos as páginas, os substantivos afloram: a curiosidade, o mistério, a emoção e uma interrogação invade-nos: como será o fim ?
Como no sermão do Padre António Vieira, um cepo é feito fogo, outro é feito ídolo e adorado, é o que vamos conjecturando.
Ou mais simplesmente, como Almada, pedimos a uma criança que desenhe uma flor.
O CANTO DO CARRASCO – Norman Mailer
Que valor poderá ter uma vida ?
Norman Mailer conta a história de Gary Gilmore, assassino condenado e executado em Janeiro de 1977. Recriando o mundo atormentado de Gilmore, regista os depoimentos da sua amante Nicole, de amigos, de conhecidos, de antigos patrões, das suas vítimas, assim como também de polícias, de detectives, de guardas prisionais, de juízes, de advogados, de psiquiatras, de jornalistas.
É a história de 9 meses terríveis, o espaço de tempo decorrido entre a sua libertação condicional e as mortes insensatas que o levaram à sua hora final. É uma história de violência e medo, de ciúme e desespero, de amor que desafiou até a própria morte.
Com esta obra, Mailer obteve em 1980, o prémio Pulitzer.
